E-SINDICALISMO: TRABALHO E RECONHECIMENTO NA ERA DO SOFTWARE – RESENHA

Oscar Krost

Reestruturação produtiva, globalização da economia, revolução digital, Modernidade Líquida. Tudo ao mesmo tempo e em velocidade que poucos ainda conseguem acompanhar.

No século XXI, o capital desconhece fronteiras, fluindo pelas 24h do dia. O trabalho, contudo, vai a reboque, aos trancos e barrancos, com imensas dificuldades para entender e se contrapor aos anseios e aos interesses dos ocupantes do pólo oposto da relação produtiva.

Nessa verdadeira encruzilhada, “E-sindicalismo: trabalho e reconhecimento na Era do sotfware” (Curitiba: Editora CRV, 2019, 182p) se apresenta essencial enquanto reflexão crítica a respeito da realidade, dos rumos e das perspectivas das organizações sociais de trabalhadores e de trabalhadoras em um mundo “.com” e “hiperconectado”.

Fruto de pesquisa em nível de Mestrado junto ao Programa de Pós-Graduação em Direito da PUC/MG, o trabalho de Marcos Paulo alia referenciais acadêmicos de renome internacional, como Zygmunt Bauman, Axel Honneth, Ricardo Antunes, Márcio Tulio Viana e Maria Cecília Máximo Teodoro (também Professora-Orientadora), com a experiência e a prática acumuladas ao longo dos anos no exercício da Advocacia.

Marcada por uma escrita simples, porém técnica e de rara fluidez no meio jurídico, a obra tanto desafia, quando encoraja quem se propõe a lê-lao, em direção a um verdadeiro repensar sobre os temas de cada um dos capítulos, assim ordenados:

Introdução

1 – A Era do hardware e o Direito do Trabalho

2 – A Era do software e o Direito do Trabalho

3 – A atual crise do sindicalismo brasileiro

4 – A teoria do reconhecimento no mundo do trabalho, desafios e possibilidade

5 – O papel do sindicato na Era do software: e-sindicalismo

Conclusão

Referências

Afinal, “se os instrumentos tecnológicos e a globalização têm sido utilizados para precarizar o trabalho, cabe agora aos sindicatos reverter esse quadro por meio de um reconhecimento recíproco que lhe devolva o protagonismo das lutas no mundo do trabalho” (p. 135).

Enquanto a tão comentada, quanto protelada reforma sindical não acontece, com novas diretrizes sobre unicidade, enquadramento e fontes de custeio, primordial uma autoanálise em tom de autocrítica pelos sindicatos, com o propósito de compreender e fazer compreender seu papel na Era do software, tarefa nada simples se considerarmos a criação dos órgãos de classe em outro momento histórico, na Era do hardware, na classificação do Professor Marcos, figuras de linguagem adotadas para se referir às Modernidades Líquida e Sólida de Bauman.

Parabéns ao autor, a quem também agradeço, cumprimentos extensivos à editora e aos/às demais envolvid@s nesse belíssimo projeto, passível de ser sintetizado em uma única palavra: INADIÁVEL.

Publicado por okrost

Alguem em eterna busca.

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