PANDEMIA, VÍRUS E LEIS

Oscar Krost

Pandemia, contaminação, vírus, medo, caos, quebra, desespero. Palavras que ocupam nosso cotidiano por todos os lados.

Não há um dia sequer em que cada uma delas não nos desperte do transe de normalidade que tentamos manter para não deixar as coisas saírem totalmente do controle.

Trago duas notícias, não irrefutáveis verdades, apenas notícias, uma boa e outra ruim. A ruim é que nunca estivemos no comando. A boa é que essa máxima vale para todo mundo.

Nunca se correu tanto sem se sair do lugar, não apenas pelas medidas de isolamento físico, ampliando a impressão de estarmos ilhados, cavando uma rota de fuga com os pés. Túnel ou cova?

Decretos, leis, Medidas Provisórias.
WhatsApp, Instagram, Twitter.
Lives, video-chamadas, fóruns. Paliativos, atos extremos, tentativa e erro.

O que nos faz mais falta neste momento – e em todos -, mesmo em situações de suposta normalidade, é assumirmos a identidade enquanto espécie. As saídas da crise devem ser fruto do diálogo. Não de discursos verticais e verborrágicos, heróicos ou fatalistas. Devemos ser francos, horizontais – na medida do possível – e democráticos. Fala e escuta, dialética, troca.

Quanto mais pessoas participarem do processo, maior legitimidade as escolhas terão. Somos diferentes e, longe de ser um problema, é nosso maior trunfo. Para que servem diferenças se forem reprimidas, negadas e desperdiçadas?

É hora de refundar as bases do pacto social, redefinir o sistema de trocas e redistribuir perdas e ganhos. Precisamos resgatar o sentido do termo coletividade e tratar nossas particularidades como fator de multiplicação, não de divisão.

Troquemos a disputa pela colaboração, a astúcia pela empatia e o eles pelo nós.

Leis, remédios e isolamento podem atacar a proliferação do vírus, mas saúde vai além da ausência de doença. Exige viver e ninguém vive sozinho.

Pensemos nisso.

Blumenau, 02 de abril de 2020.

Publicado por okrost

Alguem em eterna busca.

7 comentários em “PANDEMIA, VÍRUS E LEIS

  1. Excelente texto!
    Precisamos de um mundo onde se diga menos “eu” e se fale mais “nós”. Quando o ser humano parar de se preocupar apenas com o próprio umbigo e começar a pensar mais no coletivo, o mundo será muito melhor.

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  2. Brilhante! Texto motivador, ninguém é uma ilha, cooperação é a chave do caminho do bom senso e equilíbrio! Seguimos num futuro incerto, mas com a certeza que temos que trilhá-lo junto!

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  3. Parabéns pelo texto.
    Nos chama a refletir sobre solidariedade em tempos de isolamento. Uma coisa jamais poderá justificar a ausência da outra. Ao contrário, nesse ano diferente e difícil para todos nós, coletivo é palavra que deve praticada a todo momento.

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  4. Parabéns! Concordo com suas palavras e penso que este vírus, é apenas mais um suspiro do universo para o olhar atento da espiral de Samsara…enquanto não resignificarmos o amor a compaixão …seremos presenteados com situações como esta.

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  5. Considerando que o momento é delicado e que não havia como prever o termo dessa pandemia, o direito coletivo pode ser a saída. No entanto, com o enfraquecimento das associações profissionais de modo geral, fica prejudicado em muitos setores a celebração de acordos. O “capital” hoje está em vantagem nas negociações coletivas, pois seu argumento pela manutenção dos empregos se sobrepõe a todos os demais e a falta de proteção do “trabalho” aliado a desunião dos empregados fragmenta seus direitos. De acordo, sozinho não vivemos e não venceremos, devemos acreditar sempre no COLETIVO. Obrigado professor.

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  6. Baita reflexão, pois mesmo distantes fisicamente, estamos mais perto do que nunca, e isso se deve à tecnologia. Ainda precisamos nos adaptar, mas daqui pra frente, nada será como antes.

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